2.6.10

marina silva is over



Ontem, quando entrei no twitter, foi o @forastieri quem me informou sobre as declarações da Marina Silva contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O assunto repercutiu rapidamente na internet e tomou conta das discussões em fóruns e redes sociais. Em seu argumento, a pré-candidata à presidencia da República pelo PV disse que "o casamento é uma instituição de pessoas de sexos diferentes. Um instituição milenar" (veja aqui). Sim, o casamento é uma instituição milenar, a Marina não está errada. No entanto, ela deve ter esquecido que não foi assim desde sempre.

Engels escreveu sobre A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado e lá contou como se formaram as primeiras famílias heterossexuais monogâmicas. As sociedades fundacionais eram matriarcais, já que não existia a concepção de paternidade para aquela gente. Nesse período, os decentes de sangue eram identificados por meio da mulher e não pelo sobrenome do pai. As crianças eram cuidadas pelas mulheres e seus irmãos. Os homens não moravam com as mulheres com quem mantinham relações afetivo-sexuais, mas com suas irmãs e era seu papel contribuir na formação de seus sobrinhos, não na de seus filhos.

A família só surgiu quando as riquezas materiais foram produzidas acima das necessidades básicas, possibilitando a acumulação. Com isso, surgiram relações de exploração entre os que tinham mais e os que não tinham. Os produtos vindos da caça (trabalho dos homens) tinham mais valor que os produtos da agricultura (trabalho das mulheres), fazendo com que a riqueza material ficasse nas mãos dos homens. Surgiu aí o casamento comprado, quando o homem tinha que pagar um dote à família da mulher e passava à possuí-la (da mesma forma que possuía uma casa ou um gado). Dessa forma, as mulheres iam morar com seus maridos que passaram a exigir que sua herança fosse transmitida aos seus filhos, já que seriam os únicos aptos a continuar sua acumulação de bens.

Antes disso a homossexualidade era algo comum, aceito socialmente. Ford e Beach disseram em seus relatórios de pesquisa sobre as sociedades fundacionais que a homossexualidade era um comportamento sexual que acontecia entre dois terços de toda a população masculina daquele período. Em diversos relatórios, outros antropólogos mencionam os berdaches (travestis) que tinham um status social privilegiado nessas sociedades. Eram pessoas que desempenhavam um papel sexual-ritual em cerimônias religiosas.

É evidente que com a formação do patriarcalismo a homossexualidade (assim como as relações sexuais casuais não monogâmicas) passaram a ser imorais. Devido aos interesses econômicos, seria uma aberração que um homem não casasse com uma mulher e não desse continuidade à acumulação iniciada pelo seu pai, garantindo o poder daquele sobrenome.

Datam de 1530 os primeiros relatos de colonizadores dando conta da existência de gêneros alternativos na maioria dos povos norte-americanos. Nessas tribos a valorização dos Berdaches era tanta que os nativos consideravam-nos mais completos e equilibrados por serem, ao mesmo tempo, macho e fêmea.

Marina Silva poderia ter sido menos conservadora e mais atenta à história. Com suas declarações, acabou por perder a oportunidade de receber votos dos homossexuais que lutam por seus direitos. No mesmo dia, Marina tentou disfarçar e enfeitar o seu discurso contra o casamento dos homossexuais mas manteve a mesma opinião. Veja o vídeo:




fonte da contextualização histórica: OKITA, Hiro. Homossexualidade: da opressão à libertação. São Paulo: Editora Sundermann, 2007.

1.6.10

'tá pensando que parada gay é bagunça?

Parada é gay é bom demais. Mas não é só turismo, viu gente? É manifestação política. A luta por direitos é sua essência, na verdade. Ela é uma recordação da luta de Stonewall, que nada teve a ver com esse viés de evento turístico que estão querendo dar a ela. Aqui na internet todo mundo está indicando hotel, lugar para pegar táxi, balada para ir depois da Paulista... Na TV a mesma coisa. Quase ninguém falando das bandeiras de luta. 'tá pensando que parada gay é bagunça?

26.5.10

geizy

Um caso pra ser pensado mais de uma vez é a violência contra a Geizy Maravilha. O fato ocorrido na Uniban já saiu de moda (só no Brasil, viu?), mas ainda é necessário o debate sobre o machismo em nossa sociedade. Mais uma vez, o pessoal do Pânico na TV surpreendeu. Confira:

24.5.10

pânico na tv

Eu vi lá no Parou Tudo esse vídeo do Pânico na TV sobre a Marcha Nacional Contra a Homofobia que ocorreu em Brasília, esta semana. Os personagens do programa da Rede TV foram mal recebidos por alguns participantes, no entanto, a matéria editada que foi ao ar nesse domingo surpreendeu. Confira aqui:

27.1.10

cnbb

No post Adoção e Religião falei sobre a relação da Igreja Católica do México com a adoção por homossexuais. Agora foi a vez de a Igreja se manifestar aqui no Brasil, por meio da Comissão Regional em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, em folhetos contra o Programa Nacional de Direitos Humanos lançado pelo governo Lula. Veja, abaixo, os panfletos distribuídos pela CNBB:




Veja notícia aqui.

25.1.10

opção x orientação sexual

Dicésar diz no BBB que, se pudesse escolher, não seria gay.

20.1.10

café com leite

Dando continuidade à nossa parceria com o site Porta Curtas, exibiremos, hoje, o filme "Café com Leite". Dirigido por Daniel Ribeiro, o curta conta a história de Danilo, jovem que estava prestes a sair de casa para ir morar com seu namorado quando seus pais morrem num acidente. Seus planos para o futuro mudam e ele se torna responsável pelo irmão caçula, Lucas.

adoção e religião

São Sebastião por Guido Reni (séc XVII)

Em dezembro de 2009, a aprovação da lei que autoriza casais gays a adotarem crianças na Cidade do México criou uma enorme polêmica e fez com que instituições conservadoras, como a Igreja Católica, manifestassem a respeito da legislação (um direito que até então não havia sido reconhecido em nenhum país da América Latina).

A Igreja Católica do México afirmou que "entre as 'verdadeiras razões' para se opor a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, está a autoridade moral que lhe confere a 'vergonhosa e dolorosa experiência' que tem tido com os casos de pederastia de alguns sacerdotes e a 'grave possibilidade' de que uma parte dos homossexuais venha adotar menores 'com o perverso propósito de usa-los para pornografia infantil, abuso sexual, prostituição, etc'.

A Igreja, em uma carta escrita pelo cardeal Norberto Rivera, afirma, ainda, que "por mais bem intencionados que possam ser alguns papais homossexuais, o seu estilo de vida afetará de muitas maneiras à criança. Se disser: quando grande quero ser como meu papai, a que estará se referindo: a usar saia, maquiar-se, convidar outros homens a dormir com ele?".

Essa notícia pode ser lida (o original é em espanhol) no site Diario Digital Transexual.

16.1.10

coloridos

Essa edição do Big Brother Brasil (sem nenhuma referência ao post anterior) está especialíssima. A presença de três homossexuais na casa abre brechas para o ineditismo na televisão brasileira. Dr Orgastic (Serginho, na casa), Dimmy Kier (Dicésar, na casa) e Angélica formam o grupo dos "coloridos", numa denominação tribal do próprio programa que decidiu dividir os participantes em guetos. Veja alguns momentos especiais:

Dicésar (a drag queen Dimmy Kier) na piscina:


Serginho (o Dr Orgastic da internet) ao acordar:

Angélica no primeiro dia do programa: